Desde que as mídias informaram sobre o fim das edições impressas da velha
Enciclopédia Britânica, isso lá em março ainda, penso em escrever essa postagem.
Como todos sabem, a Enciclopédia Britânica trabalhou com a impressão das suas edições por 244 anos, iniciando seus serviços em Edimburgo, na Escócia, em 1748.
Sendo a enciclopédia mais antiga no mundo, segundo Jorge Clauz, presidente da companhia, o momento que a enciclopédia anunciou não deve ser encarado como uma derrota, mas sim como uma transição. A empresa afirma que com o desenvolvimento da tecnologia, eles sempre se preocuparam em evoluir juntamente com toda a convergência, dessa forma, nos últimos anos as vendas dos 32 volumes da edição impressa representavam apenas 1% dos lucros, enquanto fundos referentes a serviços digitais, representam 85% dos mesmos.
A última edição impressa da Britânica foi a de 2010, considerando que os volumes eram atualizados a cada dois anos. O conjunto total com 32 volumes custava em torno de US$ 1,400 dólares.
Enquanto isso, no Brasil, a "abrasileirada" versão da Enciclopédia, a famosa
Barsa, lançou na mesma época (março de 2012) sua atualização, a edição de 2012. Segundo Sandra Cabral, diretora de treinamento e marketing do Grupo Barsa Planeta, a enciclopédia brasileira ainda não pensa em deixar de produzir suas edições impressas. Sandra comenta que existe um público bastante fiél, assim como escolas, bibliotecas, empresas e mesmo clientes domésticos que preferem usar como fonte de pesquisa a enciclopédia, sendo uma fonte confiável e com altos padrões de qualidade.
As vendas referente aos 18 volumes impressos aumentam cerca de 10% ao ano, e nos últimos tempos é um produto que tem se tornado bastante acessível as classes C e D, devido principalmente as facilidades de parcelamento. O valor final das edições fica em torno de R$ 3 mil reais, mas já é possível parcelar em até 24 vezes, o que acabou potencializando as vendas.
Sandra afirma que a equipe de edição tem conhecimento que o advento da internet é muio grande, por isso que já fazem alguns anos que são realizados investimentos e implementações em ferramentas digitais também.
Podemos dizer que a Barsa é fruto da Enciclopédia Britânica, considerando que em 1950, Dorita Barret, herdeira de um dos sócios da Britânica, mudou-se para o Brasil, consolidando a ideia de uma versão brasileira da fonte de consultas. Contudo, Dorita não queria uma simples tradução de conteúdo, e trabalhou para criar algo único, chamando figuras como
Antônio Houaiss,
Jorge Amado e
Oscar Niemeyer para trabalhar na primeira edição, a qual foi lançada em 1964, com um lote inicial de 45 mil exemplares, os quais, esgotaram-se em apenas oito meses.
E qual a relação de tudo isso com a Wikipédia? Bom não preciso nem comentar, não é mesmo? A popularização da internet quebrou diversos paradigmas quanto ao compartilhamento de informações e a comunicação entre as pessoas. Tudo ficou muito mais fácil desde então. A informação corre entre as páginas de diversos sites e portais de notícias tão rápido quanto um piscar de olhos. Fazer uma pesquisa para a escola, por exemplo, ficou muito mais fácil, muito mais simples. É necessário digitar um único termo ou uma pequena combinação deles no buscador para uma enxurrada de links com conteúdo relacionado ser "jogada" na frente do usuário.
Eu bem me lembro na época da escola, no ensino fundamental, isso lá em 2003 e 2004, os professores passavam uma pesquisa e o pessoal corria para a biblioteca tirar cópias das surradas páginas da Barsa.
Claro que já existia internet, mas os preços das conexões eram extremamente abusivos. O acesso acabava sendo só por linha discada em fim de semana, e olha lá. Sem contar que os mecanismos de buscas não estavam tão bem implementados como hoje. Não era tão fácil até discorrer todo o conteúdo.
Enfim, a Barsa nos salvava de poucas e boas. Hoje o Google tomou esse lugar, pois nem o termo buscador é usado, o negócio é Google mesmo. A Wikipédia entrou no jogo porque é a enciclopédia livre, gratuita, e cá entre nós, tem boa indexação, sempre acaba caindo nos primeiros resultados dos sites de busca.
Seria bom se as próximas gerações ainda conhecessem o "poder da enciclopédia". Pois vai ser realmente triste ficar só na história.