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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Quinta Literária: Desolação

Nessa quinzena a Quinta Literária traz uma produção um tanto peculiar, bastante diferente do que já publicamos em edições anteriores. O autor pediu para ser chamado apenas de Matias. Dessa forma, curtam o texto:

Desolação

Neste campo de batalha, eu caminho solitário. O vento trás o cheiro de carniça e de pólvora, lembranças funestas de um passado há pouco acabado. As minhas pernas lutam para cruzar o caminho sobre os corpos caídos. Mesmos corpos aqueles que um dia cruzaram pela superfície desta terra, com mentes que acreditavam na humanidade, a mesma humanidade que os trouxe até ali.
Sinto sede nesse deserto de decadência, onde a esperança não mais habita, pois não há mais corações vivos que ela possa chamar de lar. Os meus sentidos se esvaem. Carniça, sangue e entranha são tudo que sinto, tudo que cheiro, tudo que vejo, me arrastando aqui na podridão.
Quem sabe...
Quem sabe a sede me leve... para junto dos corpos caídos, onde não mais caminharei solitário, mas deitarei com aqueles que caíram. Só mais um, no meio de tantos, esses que preenchem um espaço que parece infinito à visão do observador com a morte na sua forma mais bruta, sem exaltações de contadores de histórias e nem floreios de poetas. A morte do jeito que ela é, desde o início dos tempos.


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